O Suprelorin® já é utilizado em alguns países há mais de 15 anos. Veja aqui as perguntas mais frequentes relacionadas ao produto.

FAQ Suprelorin®

  • Qual a principal indicação de uso do Suprelorin® em cães machos?

    Suprelorin® é indicado como alternativa à castração cirúrgica de cães machos, levando esses animais à infertilidade de maneira reversível. Infertilidade é definida como a inabilidade de gerar descendência, sendo obtida quando a testosterona plasmática atinge níveis abaixo dos valores de referência, interrompendo a produção de espermatozoides nos testículos. Por reduzir a testosterona, Suprelorin® também é capaz de suprimir comportamentos relacionados à ação desse hormônio, tais como marcação urinária, monta, fuga atrás de fêmeas e reatividade por dominância

  • A partir de qual idade posso aplicar Suprelorin®?

    Suprelorin® deve ser aplicado em animais a partir dos 6 meses de idade, ou próximo ao período de maturidade sexual. Esse período depende de vários fatores como raça e porte do animal. As primeiras ejaculações não ocorrem antes dos 7 a 10 meses de idade e a capacidade reprodutiva ocorre, em média, entre os 8 meses (raças pequenas) até os 15 meses (raças de grande porte).

  • O que esperar logo após a aplicação do implante?

    Nos cães machos, ocorre um pico de testosterona 1 hora após a aplicação do implante de Suprelorin® 4,7 mg. Esse pico é transitório, e começa a reduzir 4 horas após a aplicação. Clinicamente, alguns cães podem apresentar um aumento do comportamento relacionado à testosterona nesse período, o que tende a reduzir nos dias subsequentes. Esse pico de testosterona pós-implantação é conhecido como efeito flare-up, e tem correlação com o mecanismo de ação da deslorelina, que é um super agonista do receptor de GnRH (estimula, nas primeiras horas, a liberação das gonadotropinas pré-sintetizadas, inibindo posteriormente a síntese do LH e do FSH).

    A única recomendação para essa fase é evitar o contato com fêmeas em período fértil por pelo menos 6 semanas após a aplicação do implante. Esse período mais longo, é recomendado porque espermatozoides viáveis ainda podem ser observados no lúmen dos túbulos seminíferos por 3 a 4 semanas após o decréscimo da testosterona plasmática.

  • Como monitorar a eficácia do tratamento?

    A forma mais prática e acessível de monitorar o tratamento é por meio da dosagem sérica de testosterona. O limiar mínimo (valor de referência) da testosterona em cães é de 0,4 ng/mL. Níveis de testosterona abaixo desse valor tornam o animal infértil, ainda que métodos mais sensíveis de mensuração detectem a presença de testosterona. Dessa forma, para comprovar a eficácia de Suprelorin®, são considerados valores séricos de testosterona < 0,4 ng/mL.

    Uma redução no tamanho dos testículos também é esperada durante o período de ação de Suprelorin®. Essa redução, embora não tenha total correlação com a eficácia clínica, é uma maneira prática pela qual os tutores podem observar a ação do implante.

  • O que fazer em caso de suspeita de ineficácia?

    A dosagem da testosterona plasmática, na maioria dos casos, é suficiente para um monitoramento da eficácia do produto. Em algumas situações muito raras, pode haver a suspeita de ineficácia do tratamento com Suprelorin®. Nesses casos, é possível propor a realização de um teste de estimulação de GnRH. Para esse teste, recomenda-se o uso de buserelina IV na dose de 0,4 mg/kg.

    interpretação do resultado do teste é feita da seguinte maneira:

    • Aumento da testosterona plasmática após a estimulação comparado ao exame prévio = a função reprodutiva está ativa e o implante de fato não está funcionando, portanto, caso real de ineficácia.
    • Sem variação nos valores de testosterona plasmática após a estimulação comparado ao exame prévio = a hipófise não está responsiva, o que significa que o implante está ativo. Não se trata de um caso de ineficácia.
  • Por quanto tempo após a aplicação do implante o cão permanece infértil?

    Após o período de flare-up de 6 semanas (pico de testosterona que segue a implantação), o cão permanece infértil pelo período de 6 meses. Esse período pode, no entanto, variar dependendo principalmente do porte do animal. Durante os estudos clínicos, nos cães de pequeno porte (< 10 kg), os níveis de testosterona permaneceram baixos por mais de 12 meses após a administração do implante de 4,7 mg.

    Já nos cães de grande porte (> 40 kg) existem poucas informações na literatura, porém nos estudos realizados o período de infertilidade foi semelhante ao observados nos cães de médio porte (6 meses), recomendando-se, nesses casos, um monitoramento mais sistemático.

  • Após o período de ação de 6 meses, posso aplicar um novo implante?

    Sim, a reimplantação é segura. A literatura mostra relatos de cães que receberam implantes subsequentes por muitos anos, sem efeitos colaterais que puderam ser diretamente correlacionados ao Suprelorin®.

    Importante ressaltar que, caso o período de reimplantação seja respeitado (novos implantes a cada 6 meses), não se espera que ocorra um novo efeito flare-up.

  • O que acontece após os 6 meses se um novo implante não for aplicado?

    Ocorre um retorno à fertilidade e à função reprodutiva normal do animal. Esse retorno não ocorre de maneira instantânea, uma vez que a espermatogênese no cão leva de 7 a 9 semanas para acontecer, após o retorno aos níveis normais de testosterona plasmática.

    Em um estudo, todos os cães envolvidos apresentaram o retorno normal à produção de testosterona após o período de ação. Tal evento foi associado ao retorno do volume testicular e das características do esperma relacionados à fertilidade. Alguns desses cães foram colocados para reprodução e geraram ninhadas normais de filhotes.

  • O implante precisa ser removido após o período de eficácia?

    Não. O implante é uma matriz lipídica e vai sendo naturalmente absorvido pelo organismo ao longo do período de ação. Porém, caso o veterinário julgue necessária, por qualquer razão, a remoção do implante, é possível realizar o procedimento cirurgicamente.

  • Suprelorin® é seguro para o fígado e para os rins?

    Sim. A metabolização da deslorelina gera fragmentos inativos e aminoácidos residuais, que são excretados na urina. O produto é seguro para animais hepatopatas e nefropatas.

  • Quais as contraindicações de uso do produto?

    Não existem contraindicações em cães machos adultos saudáveis. Não recomendamos a utilização em animais doentes, convalescentes ou que apresentem hipersensibilidade à substância ativa ou componentes da formulação.

    Não se recomenda o uso de Suprelorin® em cães com criptorquidismo, devido ao risco de desenvolvimento de neoplasia que essa condição apresenta. Nessa situação, a remoção cirúrgica do testículo permanece sendo a recomendação mais adequada.

  • O uso de Suprelorin® pode predispor o cão ao desenvolvimento de neoplasias?

    Não existe nenhuma evidência científica que mostre uma maior predisposição a neoplasias ao uso de Suprelorin®. Vale ressaltar que o produto é utilizado há mais de 15 anos na Europa e na Austrália.

    Em contrapartida, existem trabalhos publicados que mostram uma maior prevalência de alguns tipos de neoplasias em cães castrados precocemente, tais como linfoma, osteossarcoma, mastocitoma e hemangiossarcoma. A hipótese mais aceita, é a de que o acúmulo do LH, pela ausência do feedback negativo da testosterona em animais castrados, possa contribuir para essa maior prevalência.

  • O uso de Suprelorin® pode predispor o cão a qualquer disfunção endócrina?

    Não existem evidências científicas que atribuam maior prevalência de doenças endócrinas como hipotireoidismo, hiperadrenocorticismo ou diabetes mellitus ao uso de Suprelorin®, no entanto, recomenda-se que cães diagnosticados e em tratamento para tais alterações sejam monitorados criteriosamente, especialmente durante a fase de flare-up.

  • Suprelorin® também predispõe o cão à obesidade, assim como a castração cirúrgica?

    No estudo de eficácia do produto, o ganho de peso foi avaliado comparando-se o grupo tratado e o grupo placebo, e não houve diferença estatística entre esses grupos ao final de 470 dias. No entanto, a redução da testosterona pode modificar o metabolismo basal em alguns casos, levando a uma necessidade de ajuste da dieta do cão.

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